MITO INDÍGENA DO SOL
Antigamente, muito antigamente, no tempo em que vivia entre
os Tucuna, o Sol era um moço forte e muito bonito. Por ocasião
da festa de Moça-Nova, o rapaz ajudava sua velha tia no preparo
da tinta de urucu. La à mata e trazia uma madeira muito vermelha,
chamada muirapiranga. Cortava a lenha para o fogo onde a velha
fervia o urucu para pintar os Tucuna. A tia do moço era muito mal
humorada, estava sempre a reclamar e a pedir mais lenha.
Um dia o Sol trouxe muita muirapiranga e a velha tia ainda resmungava
insatisfeita. O rapaz resolveu então que acabaria com toda aquela
trabalheira. Olhou para o fogo que ardia, soltando longe suas faíscas.
Olhou para o urucu borbulhante, vermelho, quente.
Desejou beber aquele líquido e pediu permissão à tia que consentiu:
- Bebe, bebe tudo e logo, disse zangada.
Ela julgava e desejava que o moço morresse.
Mas, à medida que ia bebendo a tintura quente, o rapaz ia ficando
cada vez mais vermelho, tal qual o urucu e a muirapiranga.
Depois, subindo para o céu, intrometeu-se entre as nuvens.
E passou desde então a esquentar e a iluminar o mundo.
Autor: Índios Tucuna, Vale do Rio Solimões, Amazonas